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domingo, 12 de dezembro de 2010

Testemunha Fiel

Na verdade, João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse dEste era verdade. E muitos ali creram nEle. João 10:41 e 42.

No anúncio feito a Zacarias, antes do nascimento de João, o anjo declarara: "Será grande diante do Senhor." Luc. 1:15. Que, em face da maneira de avaliar do Céu, constitui a grandeza? - Não o que o mundo reputa como tal; não riqueza, nem posição, nem nobreza de linhagem, nem dons intelectuais considerados em si mesmos. ... Valor moral, eis o que é estimado por Deus. Amor e pureza são os atributos que mais aprecia. João era grande aos olhos do Senhor quando, em presença dos emissários do Sinédrio, diante do povo e perante seus próprios discípulos, se absteve de buscar honra para si, mas encaminhou todos para Jesus como o Prometido. Sua desinteressada alegria no ministério de Cristo, apresenta o mais elevado tipo de nobreza já revelado em homem. ...

Exceto a alegria que João encontrara em sua missão, sua existência foi de dores. Raras vezes fora sua voz ouvida a não ser no deserto. O isolamento foi a sorte que lhe coube. E não lhe foi dado ver os frutos de seus labores. Não teve o privilégio de estar com Cristo, e testemunhar a manifestação de poder divino que acompanhava a maior luz. Não lhe foi concedido ver o cego no gozo da vista, o enfermo restabelecido e o morto ressuscitado. Não contemplou a luz que irradiava de cada palavra de Cristo, derramando glória sobre as promessas da profecia. O menor discípulo que viu as poderosas obras de Cristo, e Lhe ouviu as palavras, foi, nesse sentido, mais altamente privilegiado que João Batista e, portanto, diz-se ter sido maior do que ele. ...

Não foi concedido ao Batista fazer cair fogo do Céu, ou ressuscitar um morto, como fizera Elias, ou empunhar a vara do poder de Moisés em nome de Deus. Foi enviado para anunciar o advento do Salvador, e chamar o povo a preparar-se para Sua vinda. Tão fielmente cumpriu ele sua missão, que, ao recordar o povo o que lhes ensinara a respeito de Jesus, podiam dizer: "Tudo quanto João disse dEste era verdade." Um testemunho assim todo discípulo de Cristo é chamado a dar de seu Mestre. O Desejado de Todas as Nações, págs. 219 e 220.

sábado, 11 de dezembro de 2010

A Mais Alta Honra 9/10

Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. Mat. 10:28.

Para muitos espíritos, um profundo mistério envolve a sorte de João Batista. Indagam porque teria sido deixado a definhar-se e perecer na prisão. O mistério dessa escura providência, nossa visão humana não pode penetrar; não poderá, no entanto, nunca abalar nossa confiança em Deus, quando nos lembramos de que João nada mais foi do que um participante dos sofrimentos de Cristo. ...

Jesus não Se interpôs para livrar Seu servo. Sabia que João havia de suportar a prova. De boa vontade teria o Salvador ido ter com João, para, com Sua presença, aclarar-lhe as sombras do cárcere. Mas não Se devia colocar nas mãos dos inimigos e pôr em perigo Sua própria missão. Com prazer teria libertado Seu fiel servo. Mas por amor de milhares que haveriam em anos posteriores, de passar da prisão para a morte, João devia beber o cálice do martírio. Ao haverem os seguidores de Jesus de definhar em solitárias celas, ou perecer pela espada, e pela tortura, ou na fogueira, aparentemente abandonados de Deus e do homem, que esteio não lhes seria ao coração o pensamento de que João Batista, de cuja fidelidade o próprio Cristo dera testemunho, passara por idêntica experiência!

Foi permitido a Satanás abreviar a vida terrena do mensageiro de Deus; mas aquela vida que "está escondida com Cristo em Deus" (Col. 3:3), o destruidor não podia atingir. Exultou por haver ocasionado aflição a Jesus, mas fracassara em vencer a João. A morte em si mesma apenas o colocara para sempre além do poder da tentação. ...

Deus nunca dirige Seus filhos de maneira diversa daquela por que eles próprios haveriam de preferir ser guiados, se pudessem ver o fim desde o princípio, e perscrutar a glória do desígnio que estão realizando como colaboradores Seus. Nem Enoque, que foi trasladado ao Céu, nem Elias, que ascendeu num carro de fogo, foi maior ou mais honrado do que João Batista, que pereceu sozinho na prisão. "A vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nEle, como também padecer por Ele." Filip. 1:29. E de todos os dons que o Céu pode conceder aos homens, a participação com Cristo em Seus sofrimentos é o mais importante depósito e a mais elevada honra. O Desejado de Todas as Nações, págs. 223-225.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Na Prisão por Amor de Cristo 8/10

Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nEle. Filip. 1:29.

João Batista fora o primeiro a anunciar o reino de Cristo, e foi também o primeiro a sofrer. As paredes de uma cela na prisão separavam-no agora da liberdade. ... Ao passar semana após semana, sem trazer nenhuma mudança, o acabrunhamento e a dúvida se foram sutilmente apoderando dele. Seus discípulos não o abandonaram. ... Mas indagavam por que, se esse novo mestre era o Messias, não fazia nada para que João fosse solto? ...

Como os discípulos do Salvador, João Batista não compreendia a natureza do reino de Cristo. Esperava que Jesus tomasse o trono de Davi; e, ao passar o tempo, e o Salvador não reclamar nenhuma autoridade real, João ficou perplexo e turbado. ... Havia horas em que os cochichos dos demônios lhe torturavam o espírito, e a sombra de um terrível temor, dele se apoderava. Poder-se-ia dar que o longamente esperado Libertador ainda não houvesse aparecido? ...

Mas o Batista não abandonou sua fé em Cristo. ... Decidiu enviar mensageiros a indagar de Jesus. Isso confiou a dois de seus discípulos. ... Os discípulos foram ter com Jesus, levando sua mensagem: "És Tu Aquele que havia de vir, ou esperamos outro?" Mat. 11:3. ... O Salvador não respondeu imediatamente à pergunta dos discípulos. Enquanto eles ficavam por ali, admirados de Seu silêncio, os enfermos e aflitos iam ter com Ele para ser curados. ... Ao mesmo tempo que lhes curava as doenças, ensinava o povo. ...

Assim se passou o dia, os discípulos de João vendo e ouvindo tudo. Por fim Jesus os chamou a Si, pediu-lhes que fossem, e dissessem a João o que haviam testemunhado. ... A prova de Sua divindade mostrava-se na adaptação da mesma às necessidades da humanidade sofredora. ...

Os discípulos levaram a mensagem, e foi o suficiente. ... As obras de Cristo não somente manifestavam que Ele era o Messias, mas mostravam a maneira por que Seu reino havia de ser estabelecido. ... Compreendendo mais claramente agora a natureza da missão de Cristo, [João] entregou-se a Deus para a vida e para a morte, segundo melhor conviesse aos interesses da causa que amava. O Desejado de Todas as Nações, págs. 214-218.A

O Que o Tornou Grande? 7/10

Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no reino dos Céus é maior do que ele. Mat. 11:11.

Que tornou grande a João Batista? Ele cerrou a mente à massa de tradições apresentada pelos mestres da nação judaica, abrindo-a à sabedoria que vem do alto. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 445.

João Batista não foi habilitado para sua alta vocação como precursor de Cristo pela associação com os grandes homens do país, nas escolas de Jerusalém. Ele foi para o deserto, onde os costumes e as doutrinas dos homens não podiam moldar-lhe a mente, e onde pudesse manter ininterrupta comunhão com Deus. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 423.

Era João Batista homem cheio do Espírito Santo desde nascença, e se existiu alguém capaz de permanecer insensível às influências corruptoras do século em que viveu, foi por certo ele. Todavia não se aventurou a confiar nas próprias forças; separou-se dos amigos e parentes, a fim de que suas afeições naturais não se lhe demonstrassem um laço. Não se colocava desnecessariamente no caminho da tentação, nem onde os luxos ou mesmo os confortos da vida o levassem a condescender com o ócio ou a satisfazer o apetite, diminuindo-lhe assim a força física e mental. ...

Sujeitou-se à privação e soledade no deserto, onde lhe era dado conservar a sagrada intuição da majestade de Deus, mediante o estudo de Seu grande livro da natureza. ... Era um ambiente calculado a aperfeiçoar a cultura moral e manter o temor do Senhor continuamente diante de si. João, o precursor de Cristo, não se expunha aos maus costumes e à corruptora influência do mundo. Temia o efeito que tivessem sobre sua consciência - que o pecado deixasse de lhe parecer tão pecaminoso. Preferiu ter seu lar no deserto, onde o ambiente não lhe perverteria os sentidos. Não deveríamos nós aprender alguma coisa desse exemplo de alguém a quem Cristo honrou e do qual disse: "Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior"? Testimonies, vol. 4, págs. 108 e 109.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"Que eu Diminua" 6/10

Essa minha alegria está cumprida. É necessário que Ele cresça e que eu diminua. João 3:29 e 30.

Em cada estágio da história terrestre Deus teve Seus instrumentos para levar avante Sua obra. ... João Batista teve uma obra especial, para a qual nascera e que lhe fora designada: a obra de preparar o caminho do Senhor. SDA Bible Commentary, vol. 5, pág. 1.115.

Quando, após o início do ministério de Cristo, os discípulos de João chegaram a ele com a queixa de que todos iam em seguimento do novo Mestre, João mostrou quão claramente compreendia suas relações para com o Messias, e quão alegremente recebia Aquele para quem preparara o caminho. Obreiros Evangélicos, pág. 56.

João fora chamado para dirigir uma obra de reforma. Em razão disto, seus discípulos corriam o risco de fixar nele a atenção, julgando que o êxito da obra dependia de seus labores, e perdendo de vista o fato de ser ele mero instrumento por meio do qual Deus havia operado. A obra de João não era, todavia, suficiente para lançar as bases da igreja cristã. Havendo cumprido sua missão, fazia-se mister outra obra, que seu testemunho não poderia realizar. Seus discípulos não percebiam isso. Ao verem Cristo chegar para tomar posse da obra, enciumaram-se e ficaram descontentes.

Os mesmos perigos existem ainda. Deus chama um homem para fazer certa obra; e ao havê-la ele conduzido até ao ponto para o qual se acha habilitado, o Senhor introduz outros, para levá-la mais adiante. Como os discípulos de João, porém, muitos sentem que o sucesso da obra depende do primeiro obreiro. Fixa-se a atenção sobre o humano em lugar de concentrar no divino, introduz-se o ciúme, e a obra de Deus é manchada. Aquele que é assim indevidamente honrado sofre a tentação de nutrir a confiança no próprio eu. Não compreende sua dependência de Deus. O povo é ensinado a descansar no homem, quanto à guia, ... sendo desviados de Deus.

A obra do Senhor não deve receber a imagem e a inscrição do homem. De tempos a tempos Ele introduz aí instrumentos diversos, mediante os quais melhor se pode cumprir o Seu desígnio. Felizes os que de boa vontade se submetem à humilhação do próprio eu, dizendo juntamente com João: "É necessário que Ele cresça e que eu diminua". O Desejado de Todas as Nações, págs. 181 e 182.

Disposto a Pôr-se à Margem 5/10

Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. João 1:29.

Durante algum tempo, a influência do Batista sobre a nação fora maior que a de seus principais, sacerdotes e príncipes. Houvesse ele se anunciado como Messias, e fomentado um levante contra Roma, sacerdotes e povo se teriam reunido em torno de seu estandarte. Todas as atenções que falam à ambição dos mundanos conquistadores, Satanás se apressara em dispensar a João Batista. Mas, tendo embora diante de si as provas de seu poder, permanecera firme em recusar o deslumbrante preço do suborno. As atenções nele fixadas, encaminhara para Outro. Agora, via a onda de popularidade a desviar-se de si para o Salvador. Dia a dia, diminuíam as multidões em torno dele. ...

Os discípulos de João foram ter com ele... dizendo: "Rabi, Aquele que estava contigo além do Jordão, do qual Tu deste testemunho, ei-Lo batizando, e todos vão ter com Ele." João 3:26. Por meio dessas palavras, tentou Satanás a João. Conquanto a missão deste parecesse prestes a concluir-se, ser-lhe-ia ainda possível prejudicar a obra de Cristo. Houvesse ele se doído por si mesmo, ou expressado desgosto ou decepção, por ser sobrepujado, e estariam lançadas as sementes da dissensão, incitados o ciúme e a inveja, tornando-se sério obstáculo ao progresso do evangelho.

João tinha por natureza as faltas e fraquezas comuns à humanidade, mas o toque do amor divino o transformara. Pairava numa atmosfera não contaminada pelo egoísmo e a ambição, e muito acima do miasma do ciúme. ... Seu prazer era testemunhar o êxito da obra do Salvador. ...

Olhando com fé ao Redentor, João erguera-se às alturas da abnegação. Não buscava atrair os homens a si mesmo, mas erguer-lhes o pensamento mais e mais alto, até que repousasse no Cordeiro de Deus. Ele próprio não passara de uma voz, um clamor no deserto. Agora, aceitava com alegria o silêncio e a obscuridade, para que os olhos de todos se pudessem voltar para a Luz da vida. Os que são fiéis à vocação de mensageiros de Deus, não buscarão honra para si mesmos. O amor do próprio eu será absorvido pelo amor a Cristo. O Desejado de Todas as Nações, págs. 178 e 179.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sacrifício Vivo 4/10

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Rom. 12:1.

O Senhor tem chamado a atenção de Seu povo para a reforma de saúde. Este é um dos grandes ramos da obra de preparação para a vinda do Filho do homem. João Batista saiu no espírito e poder de Elias a fim de preparar o caminho do Senhor. ...

João separou-se dos amigos e dos luxos da vida. A simplicidade de seu vestuário, que era tecido de pêlo de camelo, era uma constante repreensão à extravagância e ostentação dos sacerdotes judeus, e do povo em geral. Seu regime alimentar, puramente vegetal, de gafanhotos e mel silvestre, era uma repreensão à condescendência com o apetite e a glutonaria que prevalecia por toda parte. ... Os que devem preparar o caminho para a segunda vinda de Cristo são representados pelo fiel Elias, como João veio no espírito de Elias a fim de preparar o caminho para o primeiro advento de Cristo. O grande tema da reforma deve ser agitado. ... A temperança em todas as coisas deve ser relacionada com a mensagem, para volver o povo de Deus de sua idolatria, sua glutonaria e sua extravagância no vestuário e outras coisas.

A abnegação, humildade e temperança requeridos dos justos, a quem Deus especialmente guia e abençoa, devem ser apresentados ao povo em contraste com os hábitos extravagantes e arruinadores da saúde, dos que vivem nesta época degenerada. ... Não existe em parte alguma tão grande causa de degenerescência física e moral como na negligência deste importante assunto. Os que condescendem com o apetite e a paixão, fechando os olhos à luz por temor de verem satisfações pecaminosas que estão indispostos a abandonar, esses são culpados diante de Deus. Quem quer que dê costas à luz em determinado caso, endurece o coração de modo a desprezar a luz sobre outros assuntos. Quem quer que transgrida obrigações morais na questão de comer e vestir-se, prepara o caminho para violar as reivindicações de Deus acerca de interesses eternos. Nosso corpo não nos pertence. Deus requer que cuidemos da habitação que nos deu, a fim de que apresentemos nosso corpo a Ele em sacrifício vivo, santo e aceitável. Testimonies, vol. 3, págs. 61-63.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Mensagem Positiva 3/10

Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus. Amós 4:12.

João Batista, em sua vida no deserto, foi ensinado por Deus. Estudou as revelações de Deus na natureza. Sob a guia do divino Espírito, estudou os rolos dos profetas. Dia e noite Cristo era seu estudo, sua meditação, até que espírito, alma e coração ficaram cheios da gloriosa visão.

Ele contemplou o Rei em Sua beleza, e perdeu de vista o próprio eu. Viu a majestade da santidade, e reconheceu a própria ineficiência e indignidade. Era a mensagem de Deus que ele devia proclamar. Era no poder de Deus e em Sua justiça que se devia manter firme. Estava disposto a ir como mensageiro do Céu, inabalável ante as coisas humanas, pois contemplara o Divino. ...

João não anunciava sua mensagem com elaborados argumentos ou engenhosas teorias. Assustadora e severa, e todavia cheia de esperança, era sua voz ouvida do deserto: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos Céus." Mat. 3:2. ... Camponeses e pescadores iletrados dos distritos vizinhos; soldados romanos dos quartéis de Herodes; comandantes, de espada à cinta, dispostos a aniquilar qualquer coisa que cheirasse a rebelião; os mesquinhos cobradores de impostos, de suas coletorias; e do Sinédrio, os sacerdotes em seus filactérios - todos escutavam como presos de fascinação; e todos... saíam... sentindo o coração penetrado do sentimento de seus pecados. ...

Neste século, exatamente antes da segunda vinda de Cristo nas nuvens do Céu, tem de ser feita uma obra idêntica à de João. Deus pede homens que preparem um povo para subsistir no grande dia do Senhor. ... Como um povo que acredita na próxima segunda vinda de Cristo, temos uma mensagem a apresentar - "Prepara-te, ... para te encontrares com o teu Deus". Amós 4:12. Nossa mensagem precisa ser tão direta como o foi a de João. Ele repreendia reis por sua iniqüidade. Não obstante sua vida estar em perigo, não hesitava em declarar a Palavra de Deus. E nossa obra neste tempo tem de ser feita com igual fidelidade.

A fim de dar uma mensagem tal como a de João, devemos possuir vida espiritual semelhante à sua. A mesma obra deve ser efetuada em nós. Devemos contemplar a Deus e, em assim fazendo, perder de vista o próprio eu. Obreiros Evangélicos, págs. 54 e 55.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

No Espírito de Elias 2/10

E irá adiante dEle no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto. Luc. 1:17.

Deus chamara o filho de Zacarias para uma grande obra, a maior já confiada a homens. ... João devia ir como mensageiro de Jeová, para levar aos homens a luz de Deus. Devia imprimir-lhes nova direção aos pensamentos. Devia impressioná-los com a santidade dos reclamos divinos, e sua necessidade da perfeita justiça de Deus. Esse mensageiro tem que ser santo. Precisa ser um templo para a presença do Espírito de Deus. A fim de cumprir sua missão, deve ter sã constituição física, bem como resistência mental e espiritual. Era, portanto, necessário que regesse os apetites e paixões. Deveria ser por forma tal capaz de dominar suas faculdades, que pudesse estar entre os homens, tão inabalável ante as circunstâncias ambientes, como as rochas e montanhas do deserto.

Ao tempo de João Batista, a cobiça das riquezas e o amor do luxo e da ostentação se haviam alastrado. Os prazeres sensuais, banquetes e bebidas, estavam causando moléstias e degeneração física, amortecendo as percepções espirituais, e insensibilizando ao pecado. João devia assumir a posição de reformador. Por sua vida abstinente e simplicidade de vestuário, devia constituir uma repreensão para sua época. Daí as instruções dadas aos pais de João - uma lição de temperança dada por um anjo do trono do Céu. ...

Preparando o caminho para o primeiro advento de Cristo, era representante dos que têm que preparar um povo para a segunda vinda de nosso Senhor. O mundo está entregue à condescendência com as próprias inclinações. Está cheio de erros e fábulas. Multiplicam-se os ardis de Satanás para destruir as almas. Todos quantos querem aperfeiçoar a santidade no temor de Deus, têm que aprender as lições da temperança e do domínio próprio. Os apetites e paixões devem ser mantidos em sujeição às mais elevadas faculdades do espírito. Esta autodisciplina é essencial àquela resistência mental e visão espiritual que nos habilitarão para compreender e praticar as sagradas verdades da Palavra de Deus. É por esta razão que a temperança tem seu lugar na obra de preparação para a segunda vinda de Cristo. O Desejado de Todas as Nações, págs. 100 e 101.

Um dos Grandes Homens de Deus 1/10

Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno. Luc. 1:15.

No registro celeste dos homens nobres, declarou o Salvador que nenhum existe maior que João Batista. A obra que lhe foi confiada não exigia somente energia física e resistência, mas as mais elevadas qualidades do espírito e da alma. Tão importante era exercitar o pequeno em hábitos sãos de vida para prepará-lo para essa obra que o mais elevado dos anjos foi enviado com uma mensagem de instrução aos seus pais. A Ciência do Bom Viver, pág. 379.

Como pais, deveriam cooperar fielmente com Deus em formar em João tal caráter que o habilitasse a desempenhar a parte que Deus designara. ... João era o filho de sua velhice, o filho de um milagre, e os pais podiam ter raciocinado que ele tinha uma obra especial a fazer pelo Senhor, e que Este cuidaria dele. Mas Zacarias e Isabel não raciocinaram assim; mudaram-se para um lugar solitário, no campo, onde o filho não estivesse exposto às tentações da vida na cidade, ou não fosse induzido a separar-se dos conselhos e instrução que eles, como pais, lhe dariam. Orientação da Criança, pág. 23.

No deserto podia João mais de pronto negar-se a si mesmo e pôr sob domínio o apetite, e vestir-se de acordo com a simplicidade natural. E não existia no deserto coisa alguma que lhe distraísse o espírito da meditação e oração. Satanás teve acesso a João, mesmo depois de haver ele fechado todas as vias pelas quais pudesse o inimigo entrar. Mas seus hábitos de vida eram tão puros e naturais que discernia o inimigo, e tinha força de espírito e decisão de caráter para lhe resistir.

Perante João estava aberto o livro da natureza, com seu inexaurível poder da mais variada instrução. Buscou o favor de Deus, e o Espírito Santo sobre ele repousou, acendendo-lhe no coração um inflamado zelo por fazer a grandiosa obra de chamar o povo ao arrependimento, e a uma vida mais nobre, mais santa. Pelas privações e dificuldades de sua vida segregada, preparava-se João para dominar todas as suas faculdades físicas e mentais de tal forma que pudesse permanecer entre o povo tão inamovível pelas circunstâncias que o envolvia como as rochas e montanhas do deserto que o haviam rodeado por trinta anos. Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 47.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Como é Formada a Imagem da Besta

Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com que a Terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada. Apoc. 13:12.

A fim de formarem os Estados Unidos uma imagem da besta, o poder religioso deve a tal ponto dirigir o governo civil que a autoridade do Estado também seja empregada pela igreja para realizar os seus próprios fins.

A "imagem da besta" representa a forma de protestantismo apóstata que se desenvolverá quando as igrejas protestantes buscarem o auxílio do poder civil para imposição de seus dogmas.
Quando ... a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido relativamente à obrigação do verdadeiro sábado, quem então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não tem maior autoridade que a de Roma, honrará desta maneira ao papado mais do que a Deus. Prestará homenagem a Roma, e ao poder que impõe a instituição que Roma ordenou. Adorará a besta e a sua imagem. Ao rejeitarem os homens a instituição que Deus declarou ser o sinal de Sua autoridade, e honrarem em seu lugar a que Roma escolheu como sinal de sua supremacia, aceitarão, de fato, o sinal de fidelidade para com Roma - "o sinal da besta". E somente depois que esta situação esteja assim plenamente exposta perante o povo, e este seja levado a optar entre os mandamentos de Deus e os dos homens, é que, então, aqueles que continuam a transgredir hão de receber "o sinal da besta". ...
No desfecho desta controvérsia, toda a cristandade estará dividida em duas grandes classes - os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus, e os que adoram a besta e sua imagem, e recebem o seu sinal. Se bem que a igreja e o Estado reúnam o seu poder a fim de obrigar "a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos", a receberem "o sinal da besta" (Apoc. 13:16), o povo de Deus, no entanto, não o receberá. O profeta de Patmos contempla "os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número de seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, ... e o cântico do Cordeiro". Apoc. 15:2 e 3. O Grande Conflito, págs. 443, 445, 449 e 450.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Macumba, isso pega?

Resposta a um ex-adventista. Se você puder contribuir, por favor, me ajude. Este é o motivo desta postagem.

Em 1 João 5:18 diz: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.” O que o texto afirma é que existe uma proteção de Deus contra o diabo para aqueles que são nascidos de Deus isto é, para aqueles que são seus filhos. Estes o maligno não tem acesso, salvo por motivos de lealdade como foi o caso de Jó.

A dúvida que surge é: macumba, mal olhado, simpatia, “trabalho”, isso pode pegar num filho de Deus? A resposta não parece ser simples, mas com base no verso acima a resposta seria não. Quem é nascido de Deus, Ele o guarda, e o maligno não pode tocar. Contudo outras questões aparecem, por exemplo: Todos são filhos de Deus? Como se tornar filho de Deus? As respostas a estas perguntas complementam a principal pergunta acima.

Segundo a Bíblia nem todos são filhos de Deus, conforme afirma estes textos:

1. João 1:10-13 - O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

2. Gálatas 3:26-27 - Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes.

Apenas são filhos de Deus aqueles que recebem a Cristo como Senhor e Salvador, externando esta decisão através do BATISMO, ou seja, o novo nascimento coloca o homem numa condição especial de filho e o nome escrito no Livro da Vida do Cordeiro. O livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para o serviço de Deus. Jesus ordenou a Seus discípulos: "Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos Céus." Lc 10:20. Paulo fala de seus fiéis cooperadores, "cujos nomes estão no livro da vida". Fp 4:3. Daniel olhando através dos séculos para um "tempo de angústia qual nunca houve", declara que se livrará o povo de Deus, "todo aquele que se achar escrito no livro". E João, no Apocalipse, diz que apenas entrarão na cidade de Deus aqueles cujos nomes "estão inscritos no livro da vida do Cordeiro". Dn 12:1; Ap 21:27.

O primeiro texto mencionado acima também salienta o fato do homem não viver na prática do pecado, pois nasceu de novo. Segundo Paulo o homem passa a ser uma nova criatura. A prática deliberada do pecado exclui os benefícios da filiação de Deus e com isso sua proteção contra o maligno. “Então, disse o SENHOR a Moisés: Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim. Ex 32:33”.

Sendo assim o homem que viveu na prática do pecado de forma decidida e consciente para ter os benefícios da proteção divina precisará passar pelo batismo novamente. “Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Rm 6:3-4.”

terça-feira, 21 de setembro de 2010

OS ADVENTISTAS E A POLÍTICA

Notícias sobre crises políticas e corrupções governamentais acabam polarizando a opinião pública dos países afetados. É curioso ver, de um lado, políticos questionáveis se fazendo de vítimas para continuar recebendo o apoio popular e, do outro lado, oposicionistas que aproveitando a situação para se autoproclamarem os únicos salvadores da pátria. A o mesmo tempo em que vários políticos tradicionais vão perdendo a credibilidade, algumas denominações evangélicas tem-se mobilizado politicamente, a ponte de montarem sua próprias bancadas em câmaras de vereadores, nas assembléias legislativas na Câmara dos Deputados e mesmo no Senado Federal, sob o pretexto de que os políticos evangélicos são mais honestos e confiáveis.

A crescente militância política evangélica tem suscitado algumas indagações importantes entre os próprios adventistas:

1ª) Deveriam os adventistas continuar politicamen¬te passivos ou assumir uma postu¬ra mais agressiva diante das crises governamentais?

2ª)Como a Igreja Adventista do Sétimo Dia encara a candidatura de alguns de seus membros a cargos políticos através de eleições públicas?

3ª) Que critérios devem ser usados na escolha dos candidatos em quem votar?

No capítulo "Nossa Atitude Quanto à Política” do livro Obreiros Evangélicos, págs. 391-396 (ver também Fundamentos da Educa¬ção Cristã, págs. 475-484), podem ser encontradas importantes orientações sobre o não envolvi¬mento de obreiros denominacio-nais em questões políticas. Já o pre¬sente artigo menciona alguns con¬ceitos básicos sobre a posição dos adventistas como cidadãos, candi¬datos e eleitores políticos.

Organização apolítica

Existem pelo menos três princípios fundamentais que regem a posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre a política. Um deles é o prin¬cípio da separação entre Igreja e Estado, levando cada uma dessas entidades a cumprir suas respecti¬vas funções sem interferir nos ne¬gócios da outra. A Igreja crê que só poderá preservar esse princípio por meio de uma postura denomi¬nacional apolítica, não se posicio¬nando nem a favor e nem contra quaisquer regimes ou partidos po¬líticos. Essa postura deve caracteri¬zar, não apenas a organização ad¬ventista em todos os seus níveis, mas também todas as instituições por ela mantidas, todas as congre¬gações adventistas locais, bem como todos os obreiros assalaria¬dos pela organização.

A Igreja encontra nos ensinos de Cristo e dos apóstolos base sufi¬ciente para evitar qualquer mili¬tância política institucional. O cris¬tianismo apostólico cumpria sua missão evangélica sob as estruturas opressoras do Império Romano sem se voltar contra elas. O pró¬prio Cristo afirmou que o Seu rei¬no "não é deste mundo" e que, por conseguinte, os Seus "ministros" não empunham bandeiras políti¬cas (João 18:36). Qualquer com¬promisso político ou partidário por parte da denominação dificultaria a pregação do "evangelho eterno" a todos os seres humanos indistinta¬mente (Mat. 24:14; Apoc. 14:6).

Outro princípio fundamental é que o nível de justiça social de um país é diretamente proporcional ao nível de justiça individual de cada um dos seus cidadãos, e que esta justiça individual, por sua vez, deri¬va do interior da própria pessoa. Reconhecendo as dimensões so¬ciais do pecado, a Igreja apóia e mesmo participa de projetos so¬ciais e educacionais que benefi¬ciam a vida comunitária sem con¬flitarem com os princípios bíblicos. Muitos desses projetos são levados a efeito em nome da ADRA - Agên¬cia de Desenvolvimento e Recur¬sos Assistenciais. No entanto, a Igreja não participa de quaisquer greves e passeatas de índole políti¬ca e partidária que acabariam com prometendo sua postura apolítica.

A validade de uma perspectiva que parta do interior para o exterior do ser humano é destacada por Cristo ao afirmar que "de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura" (Mar. 7:21, 22). Conseqüentemente, a solução cabal para esses problemas não está na mera formulação de novas leis ou no ativismo revolucionário, e sim, na conversão interior do ser humano. Nas palavras de Cristo, "limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo!" Mat. 23:26.

Um terceiro princípio fundamental é que cada cristão adventista possui uma dupla cidadania ele é, acima de tudo, cidadão do reino de Deus e, em segundo plano, cidadão do país em que nasceu ou do qual obteve a cidadania. Conseqüentemente, deve exercer sua cidadania terrestre com base nos princípios cristãos de respeito ao próximo. Mesmo desaprovando situações de injustiça e exploração social, a Igreja Adventista do Sétimo Dia procura se relacionar respeitosamente com o governo civil e os partidos políticos de cada país em que exerce suas atividades, sem com isso comprometer os princípios bíblicos.

Que o cristianismo não isenta os cristãos dos seus deveres civis é evidente na ordem de Cristo: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” Mar. 12: 17. O Novo Testamento apresenta várias orientações a respeito do dever cristão de honrar os governos civis como instituídos por Deus (ver Rom. 13:1-7; Tito 3:1 e 2; I Pedro 2:13-17). Somente quando tais governos obrigam seus súditos a transgredirem as leis divinas é que o cristão deve assumir a postura de que "antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”: Atos 5:29.

Candidatos adventistas

Entre os direitos do cristão adventista no exercício de sua cidadania, está o de ocupar cargos políticos. O Antigo Testamento menciona vários membros do povo de Deus que exerceram funções de grande projeção no governo de importantes nações pagãs da época. Por exemplo, José foi por muitos anos pri¬meiro-ministro do Egito, a mais importante nação da época (Gên. 41:38-45). Colocado por Deus sobre o trono daquele país (Gên. 45:7, 8), José se manteve "puro e imaculado na corte do rei"; e foi "um re-presentante de Cristo" aos egípcios (Medicina e Salvação, pág. 36; Patriarcas e Profetas, págs. 368-369). Daniel exerceu importantes cargos governamentais em Babilônia sob o reinado de Nabucodonosor, Belsazar, Dario e Ciro (Dan. 2:48, 49; 5:11, 12,29; 6:1-3, 28; 8:27). Com um apego incondicional aos princípios divinos, Daniel e seus com-panheiros foram embaixadores do verdadeiro Deus na corte desses reis (ver Dan. caps. 1, 3 e 6).

A postura de José e Daniel nas cortes pagãs do Egito e de Babilônia, respectivamente, corrobora o fato de que é possível ser cristão sob governos não comprometidos com a religião bíblica. Mas o aprisionamento de José (Gên. 39:7-23), o teste alimentar de Daniel e seus três companheiros (Dan. 1), a passagem desses três companheiros na fornalha de fogo (Dan. 3) e a experiência de Daniel na cova dos leões (Dan. 6) comprovam que há um preço elevado a ser pago por aqueles que ocupam cargos públicos em ambientes hostis à verdadeira religião. O exemplo do rei Salomão deixa claro que boas intenções iniciais (II Crôn. 1:1-13) podem ser corrompidas pela influência de ambientes vulgares (I Reis 11:1-15). Já a atitude do rei Ezequias para com a embaixada de Babilônia comprova que governantes tementes a Deus correm o risco de se or-gulharem de suas próprias consecuções (II Reis 20:12-19).

É interessante notarmos que José e Daniel foram nomeados para suas funções públicas pelos próprios monarcas da época. Mas hoje, na maioria das democracias modernas, as pessoas precisam se candidatar e concorrer a tais funções em um processo bem mais competitivo. O fato de existirem políticos corruptos não significa que todo político seja corrupto. Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia, normalmente, não encoraje e nem desestimule a candidatura política dos seus membros, ela também reconhece que a sociedade contemporânea tem sido beneficiada pelo bom exemplo de alguns políticos adventistas que concorrem honestamente a determinados cargos públicos e os exercem dignamente, sem comprometerem com isso os princípios bíblicos. A influência positiva de políticos adventistas tem sido decisiva, em vários países, para o estabelecimento de legislações que facilitem a observância do sábado.

A Igreja espera que os adventistas que se candidatam a cargos políticos elegíveis sejam honestos em sua campanha e, se eleitos, também no exercício de suas funções políticas. Cada candidato deve conduzir o seu processo eleitoral-político (1) sem assumir posturas ideológicas e partidárias contrárias aos princípios cristãos; (2) sem se valer de recursos financeiros inapropriados; (3) sem prometer o que não possa cumprir; (4) sem denegrir a reputação de outros candidatos igualmente honestos; (5) sem se envolver com coligações não condizentes com a fé cristã-adventista; (6) sem jamais comprometer a observância do sábado em suas campanhas; e (7) sem minimizar seu compromisso pessoal com o estilo de vida adventista em coquetéis e confraternizações sociais.

Conheço igrejas locais que enfrentaram sérias desavenças internas pelo fato de alguns dos seus membros se candidatarem a vereadores por partidos rivais. É certo que os membros da igreja têm o direito, como cidadãos, de se candidatarem e concorrerem a cargos elegíveis, bem como de procurarem convencer outros a neles votarem. Mas nenhuma programação oficial de qualquer congregação adventista deve ser usada como plataforma política que comprometa a postura apolítica da denominação . Candidatos adventistas que usam eventualmente o púlpito devem pregar o evangelho, sem jamais fa-lar sobre política. Deus poderá abençoar ricamente os candidatos que exercerem honestamente sua cidadania, respeitando a posição apolítica da igreja e de seus obreiros, e promoverem a cordialidade e a unidade de nossas congregações.

Eleitores adventistas

Os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia devem reconhecer ser seu dever individual escolher conscientemente em quem votar. O princípio básico é sempre votar em candidatos cuja ideologia, crenças, estilo de vida e propostas políticas estejam mais próximos dos princípios adventistas . Entre os princípios mais importantes estão: (1) liberdade religiosa, (2) separação entre Igreja e Estado, (3) observância do sábado, (4) conduta moral, (5) temperança cristã, (6) apoio ao sistema educacional privado mantido pela Igreja, e a (6) tentativa de melhorar a qualidade de vida das classes moral e econo-micamente desfavorecidas. A posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre algumas dessas questões é enunciada no livro Declarações da Igreja (Tatuí, SP: CPB, 2003).

Ellen White adverte contra votar em candidatos sem compromisso com a liberdade religiosa: "Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um falso sábado, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos:' - Fundamentos da Educação Cristã, pág. 475.

Um dos maiores problemas na escolha de candidatos é a teoria de que "os fins justificam os meios": Se determinado candidato, mesmo sem compromisso com os princípios acima mencionados, promete beneficiar financeira ou politicamente a Igreja, alguns líderes julgam pertinente apoiar tal candidato em troca desses favores. Mas esse tipo de barganha política jamais deveria ser tolerado nos meios adventistas. Acima de quaisquer benefícios coletivos ou individuais, deve estar o compromisso com os princípios adventistas.

Outro aspecto de especial interesse para os eleitores adventistas é a votação ou não em candidatos adventistas. Alguns crêem equivocadamente que, votando em candidatos adventistas, estariam ao mesmo tempo promovendo a liberdade religiosa e postergando os eventos finais. Mas é dever de todo o cristão-adventista exercer sua influência em favor da liberdade religiosa (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 375; Testemunhos para Ministros, págs. 200-203), contribuir positivamente para a finalização da pregação do evangelho (Mat. 24:14; 28:18-20), e deixar os eventos finais por conta de Deus (Atos 1:6-8).

Como membros do corpo de Cristo (I Cor. 12:12-31), deveríamos acabar com a falsa teoria de que "adventista não deve votar em adventista": Essa teoria só é aplicável a candidatos que não vivem uma vida condizente com os princípios adventistas ou cuja candidatura visa apenas a obter benefícios pessoais, sem uma proposta política adequada. Mas, por outro lado, se os candidatos adventistas são os que mais próximo se encontram dos princípios que sustentamos e se eles possuem boa proposta política, então, não existe qualquer justificativa plausível para se descartar tais candidatos simplesmente por serem adventistas.

Deveria ser considerada também a questão das eleições no sábado em países onde a votação é obrigatória. Este assunto foi tratado por Mário Veloso em seu artigo "Os adventistas e a eleição no sábado"; Revista Adventista (Brasil), julho de 1986, págs. 19-20. Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia não discipline os membros que, por iniciativa pessoal, votem durante as horas do sábado, a recomendação é que isso seja evitado. O referido artigo foi escrito como um apelo aos políticos brasileiros para que houvesse um "prolongamento das horas para o exercício do voto, de tal maneira que os adventistas possam votar depois do pór-do-sol do sábado": A declaração de que Ellen White votaria até mesmo "no sábado" diz respeito à causa da temperança, ou seja, à lei seca de proibição da venda de bebidas alcoólicas, em Des Moines, Iowa, em 1881 (ver Arthur L. White, Ellen G. White, vol. 3, págs. 158-161). Mas essa declaração não provê qualquer endosso a votação política em dia de sábado.

Conclusão

A Igreja Adventista do Sétimo Dia sempre manteve uma posição oficial apolítica de não se posicionar a favor ou contra qualquer regime ou partido político. Essa posição é mantida em todos os níveis organizacionais e institucionais da denominação, inclusive em suas congregações locais. Os obreiros assalariados pela denominação devem manter a mesma postura. Conseqüentemente, nenhum púlpito adventista e nenhuma reunião promovida oficialmente pela denominação jamais deveria desfraldar qualquer bandeira política. Ele é um lugar onde o evangelho eterno deve ser proclamado com o propósito de conduzir à salvação em Cristo pessoas de todas as etnias e de todos os partidos políticos, sem preferências e discriminações.

Por contraste, a Igreja faculta aos seus membros o direito individual de exercer sua cidadania, inclusive a de se candidatar a cargos políticos e de exercê-los dignamente. Tanto no processo eleitoral como no exercício da função, espera-se que cada adventista engajado em tais atividades mantenha uma postura digna de verdadeiro cristão adventista. Todos os políticos adventistas deveriam considerar a José e Daniel como seus modelos políticos. Deveriam sentir ser seu dever zelar pessoal e publicamente pela liberdade religiosa e pelos princípios cristãos em um mundo carente dos valores absolutos da verdadeira religião bíblica.

Todos os membros da igreja deveriam votar conscientemente nos candidatos que melhor refletem os ideais adventistas. A escolha dos candidatos não deveria ser tanto por partido político, mas pela ideologia e os valores pessoais de cada um. Candidatos adventistas não deveriam ser discriminados simplesmente por serem adventistas, exceto se não demonstram uma conduta digna ou não possuam um plano de governo adequado. O voto de cada adventista deveria ser um testemunho autêntico a favor da liberdade religiosa que facilite o cumprimento da missão adventista nestes dias finais da história humana.

Pr. Alberto Ronald Timm, Ph.D, é professor de Teologia Histórica do Unasp Campus Engenheiro Coelho e diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Visão Apocalíptica Sinótica

Baseado na obra: A visão apocalíptica e a neutralização do adventismo – George R. Knight

INTRODUÇÃO

A visão apocalíptica sinótica tem um fluxo diferente do encontrado no livro do Apocalipse. No Apocalipse a visão do grande conflito se desenvolve de forma progressiva na história atingindo seu auge com a volta de Jesus e o estabelecimento de Seu reino eterno. Já nos sinóticos cada apresentação começa com aquilo que consideramos “os sinais dos tempos”, e termina com o conselho de vigiar e estar pronto, pois ninguém realmente sabe quando virá o fim.

Veja que o objetivo dos sinais é chamar nossa atenção para o fato de que precisamos viver em estado de contínua expectativa ao aguardamos o segundo advento. Isso se deve ao fato de que a maioria dos sinais lida com eventos que se repetem ao longo da história. Sendo assim, os sinais não se resumem a nos dizer quando virá o fim. Mt 24:36 diz: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.”

A função dos primeiros 41 versos de Mateus 24 é desenvolver nos verdadeiros fiéis a consciência do advento e prepará-los para as instruções dos versos posteriores, Mt 24:42 a 25:46, aqui Jesus nos exorta para vigiarmos e nos prepararmos para o maior evento da história deste mundo.

As cinco parábolas encontradas em Mt 24, 25; (e nos seus paralelos no livro de Marcos e Lucas) revelam o que precisa acontecer na vida do crente enquanto esse dia não chega.

ARGUMENTAÇÃO

1. Primeira Parábola – O pai de família – Mt 24:43-44 (ler os versos)

a. Um estado constante de alerta e prontidão para a volta do Senhor é a mensagem desses dois versos.

b. É interessante notar que, ao longo da história, o momento em que menos se aguarda a volta de Cristo é sempre “hoje”.

c. William Barclay conta a parábola de três aprendizes do diabo selecionados para ser enviados à Terra para completar seu treinamento. Cada um apresentou seu plano a Satanás para a destruição da humanidade. O primeiro propôs-se a dizer às pessoas que Deus não existe. Satanás respondeu que isso não enganaria muitos, pois a maioria tem a sensação do contrário. O segundo disse que proclamaria que o inferno não existe. Satanás rejeitou essa tática também, pois a maioria das pessoas tem noção de que o pecador receberá o que merece. O terceiro disse: Direi aos humanos que não há pressa. Vá, respondeu satanás, e você arruinará milhares de homens.

2. Segunda Parábola – A parábola do bom servo e do mau – Mt 24:45-52

a. Essa parábola enfatiza que os cristãos têm deveres e responsabilidades éticas a ser colocadas em prática enquanto esperam e vigiam. Não devem aguardar na ociosidade.

b. Infelizmente, a demora pode gerar mau comportamento, ou seja um afrouxamento das crenças fundamentais, as paixões carnais sobre saem.

c. Uma sentença é expedida, os servos infiéis perderão sua recompensa celestial e no lugar dela receberão a mesma sorte dos ímpios, VS 50 e 51 dizem: “virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e em hora que não sabe e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.”

3. Terceira Parábola – A parábola das dez virgens – Mt 25:1-13

a. Observe que todas as virgens eram aparentemente cristãs, pois todas aguardavam a chegada do noivo. A ênfase está no preparo delas sobre suas lâmpadas. Talvez haja uma distinção nominal entre elas, ou seja, cristãs apenas de nome.

b. O ponto principal dessa parábola é que o noivo demorou a chegar. Por esse motivo, as virgens adormeceram. As necessidades terrenas continuam até mesmo enquanto os seguidores de Cristo aguardam sua vinda.

c. Mateus 25:13 apresenta a moral da história, o texto diz: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”. A moral dessa história também foi a lógica que permeou as duas primeiras parábolas já analisadas. Esta, porém, apresenta o conceito crucial de que ninguém pode se apoiar na preparação de outra pessoa. Enfrentaremos o julgamento de Deus individualmente.

d. Nota-se que esta parábola não indica a maneira de nos prepararmos para a chegada do noivo. Esse será o tema das duas parábolas finais.

4. Quarta Parábola – A parábola dos talentos – Mt 25:14-30

a. Novamente a importância de estar pronto para a vinda do Mestre é destacado, vejamos o verso 19: “Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles”.

i. MAS O QUE EXATAMENTE SIGNIFICA ESTAR PRONTO?

b. O significado de estar pronto é a mensagem da parábola dos talentos.

c. VAMOS RECAPTULAR ESTA HISTÓRIA ...

d. A lição é clara: estar preparado para a vinda de Cristo não significa aguardar passivamente esse evento; estar pronto é a atividade responsável que produz resultados para o reino do Céu. Resultados esses que podem ser mensurados por Deus.

e. Aprendemos também nessa história que Deus não espera o mesmo resultado de todo mundo. Não é a quantidade de habilidades ou dons de uma pessoa que será avaliada no julgamento, mas se ela usou a gama completa de qualidades que Deus lhe outorgou. Nós não somos iguais em nossas habilidades, mas podemos ser iguais em esforço.

5. Quinta Parábola – A parábola das ovelhas e dos cabritos (cena do juízo) Mt 25:31-46 (ler todo o texto)

a. Enquanto que as três primeiras parábolas discutidas hoje enfatizam o ato de vigiar e estar prontos, a quarta, a parábola dos talentos, reforça o ato de trabalhar enquanto aguardamos o retorno do Mestre. Já esta última parábola mostra a natureza essencial desse trabalho.

b. A cena mostra o juízo em andamento, a decisão do julgamento não pode ser revogada com apelos ou recursos, a cena é de finalização. Aqueles que deixaram de fazer uso apropriado do tempo de espera e vigilância antes do segundo advento terão perdido para sempre o reino eterno.

c. A surpresa é o elemento crucial nessa parábola, ovelhas e cabritos questionam o veredito. O motivo surpresa surge da falsa interpretação da verdadeira religião.

i. Mq 6:8

ii. Is 58:6-10

iii. Hb 13:3

iv. Tg 1:27; 2:14-17

v. Rm 13:8-10

d. A questão real; do julgamento é se demonstramos amor verdadeiro ao próximo.

e. Ellen White comentando este texto diz no livro DTN, pág 637.: “Assim descreveu Cristo aos discípulos, no Monte das Oliveiras, as cenas do grande dia do Juízo. E apresentou sua decisão como girando em torno de um ponto. Quando as nações se reunirem diante dEle, não haverá senão duas classes, e seu destino eterno será determinado pelo que houverem feito ou negligenciado fazer por Ele na pessoa dos pobres e sofredores.”

f. Alguns sustentam usando esses versos que a salvação ocorre pelas obras, mas tal interpretação é equivocada. A passagem fala a respeito do padrão do julgamento final, e não como alcançamos a salvação.

g. Se estamos salvos, nossa vida produzirá evidencias de que internalizamos a graça e o amor de Deus pela disposição de transmitir esses dons ao próximo.

i. Joachim Jeremias escreveu: “No julgamento final, Deus procurará a fé que foi vivida.”

ii. Leon Morris declarou: “Devemos manter em mente o que é comum em toda escritura que somos salvos pela graça e julgados pelas obras [...] As obras que fizemos são a evidência da graça de Deus em ação em nós ou de nossa rejeição da graça.”

h. A qualificação essencial para o reino de Deus é a internalização inconsciente do amor de Deus e sua expressão na vida diária.

CONCLUSÃO

1. 2Pe 3:1-11

2. Carlos Fitch

a. Carlos Fitch, um pastor presbiteriano, aceitou a mensagem do advento ao ler as palestras de Guilherme Miller e ao conhecer Josias Litch. Ele se entregou inteiramente à proclamação do esperado advento de Cristo por ocasião do encerramento do período dos 2.300 anos, e se tornou um líder de destaque. Em 1842, ele preparou o quadro profético da estátua de Daniel 2. Sua morte se deu em decorrência de ele se ter exposto em demasia durante três cerimônias batismais que realizou numa manhã fria de outono. Aparentemente, em conseqüência disto, adoeceu e, na segunda-feira, 14 se outubro de 1844, faleceu. Oito dias antes da data esperada para o retorno de Cristo. Não é difícil imaginar os dois filhos sobreviventes perguntando em meio às lágrimas após o funeral: “Mamãe, nós veremos o papai novamente?” “Sim queridos, em poucos dias, quando Jesus retornar”. Respondeu corajosamente a Sra. Fitch. Na terça-feira à noite do dia marcado (22/10/1844) eles soluçaram: “Por que papai não veio hoje?”

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Liberdade da condenação

Toda alma que recusa entregar-se a Deus, acha-se sob o domínio de outro poder. Não pertence a si mesma. Pode falar de liberdade, mas está na mais vil servidão. Não lhe é permitido ver a beleza da verdade, pois sua mente se encontra sob o poder de Satanás. Enquanto se lisonjeia de seguir os ditames de seu próprio discernimento, obedece à vontade do príncipe das trevas. Cristo veio quebrar as algemas da escravidão do pecado para a alma. "Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." "A lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus" nos liberta "da lei do pecado e da morte." Rom. 8:2.

Não há constrangimento na obra da redenção. Não se exerce nenhuma força externa. Sob a influência do Espírito de Deus, o homem é deixado livre para escolher a quem há de servir. Na mudança que se opera quando a alma se entrega a Cristo, há o mais alto senso de liberdade. A expulsão do pecado é ato da própria alma. Na verdade, não possuímos capacidade para livrar-nos do poder de Satanás; mas quando desejamos ser libertos do pecado e, em nossa grande necessidade, clamamos por um poder fora de nós e a nós superior, as faculdades da alma são revestidas da divina energia do Espírito Santo, e obedecem aos ditames da vontade no cumprir o querer de Deus.
 
Ellen White, Desejados de Todas as Nações, 466

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Vida Conjugal - Os pequenos detalhes é o que conta

Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: "Tenho algo importante para te dizer". Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos.

De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente.

Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: "Por quê?"

Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou o talher longe e gritou "você não é homem!" Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouvi-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela.

Sentindo-me muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa.

Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora.

No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane.

Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir.

Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para preparar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento de seus pais.

Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca, mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis.

Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a ideia totalmente absurda. "Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio”, disse Jane em tom de gozação.

Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo

"O papai está carregando a mamãe no colo!" Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho "Não conte para o nosso filho sobre o divórcio" Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório.

No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado.

No quarto dia, quando eu a levantei, senti certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.

No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.

Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles, mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse "Todos os meus vestidos estão grandes para mim". Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias.

A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração..... Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos.

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora de você carregar a mamãe". Para ele, ver seu pai carregando sua mão todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento.

Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: "Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo".

Eu não consegui dirigir para o trabalho... Fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de ideia... Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela "Desculpe Jane. Eu não quero mais me divorciar".

Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e repeti "Desculpe Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe.

A Jane então percebeu que era sério. Deu-me um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouvi-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar.

Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: "Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe".

Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama - morta.

Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.

Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade mas não proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa (o), faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!