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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Filipe - O Evangelista

1. Atos 8:26-40

2. Lucas é o único autor gentil (não judeu) canônico, ele escreveu dois livros, um dos evangelhos que leva o seu nome e o livro de Atos. O manuscrito mais antigo que contém partes do livro de “Atos” é o P45, datado do final do I século e início do II século, neste documento o nome livro se restringe somente a “ATOS”. A partir do II século da nossa era o livro recebe um acréscimo no nome original, passe então a ser chamado de “Atos dos Apóstolos”. O motivo é simples, vários autores não canônicos escreveram biografias dos apóstolos e nomeavam seus livros como: “Atos de João, de Pedro ou de André”; surgindo assim a necessidade da distinção entre os livros inspirados e não inspirados.

3. Contexto: O livro abarca um período aproximadamente de 32 anos de história, que começa no ano 31dC e vai até o ano 63dC. O relato que lemos ocorre no ano 34dC, ano da morte de Estevão, estava em vigência em Roma o Imperador Tibério .

4. Candace: Este era um título dinástico / real, como Faraó, no Egito, ou César entre os romanos, e não o nome de uma determinada rainha.

5. Prosélito: Um pagão que se converte a determinada religião.

ARGUMENTAÇÃO

1. O preparo prévio do evangelista

Filipe já havia se decidido pelo evangelho, em At 6:5 ele é nomeado um dos sete diáconos, em At 8:4-8 ele exerce um ministério evangelístico em Samaria. Queridos percebam uma coisa, Deus não chama pessoas desocupadas ou descomprometidas para a sua causa. Ele poderia levar outra pessoa, mas escolheu Filipe, há uma razão para isso? Sem dúvidas, pois Filipe era um crente ocupado com os afazeres da causa de Deus. Isto é tão verdade que se tornou até um dito popular: “Se você quiser a ajuda de alguém peça a alguém que está ocupado”.

Um dos pontos altos desse relato que eu destacaria é o fato dele ouvir a voz de um anjo e do Espírito. Será que qualquer pessoa está habilitada para ouvir a voz de Deus? Será que todos estão em harmonia com o céu a ponto de ouvirmos um chamado divino para a pregação? Vejamos o verso novamente:

a. Filipe ouve a voz do anjo – v.26

Ele não pôs em dúvida o chamado, nem hesitou em obedecer, pois havia aprendido a lição da conformidade com a vontade de Deus. O anjo enviado a Filipe poderia ter ele próprio feito a obra pelo etíope, mas esta não é a maneira de Deus agir. É seu plano que os homens trabalhem por seus semelhantes.

b. Filipe ouve a voz do Espírito – v.29

Muitos há que estão lendo as Escrituras sem compreender o verdadeiro significado. Em todo o mundo homens e mulheres olham atentamente para o Céu. De almas anelantes de luz, de graça, do Espírito Santo, sobem orações, lágrimas e indagações. Muitos estão no limiar do reino, esperando somente serem recolhidos. Temos ouvido a voz do Espírito, aproxima-te deste carro? Aproxima-te deste vizinho? Aproxima-te deste amigo? Aproxima-te deste parente?

2. A técnica do evangelista

Uma senhora crente, casada com um sapateiro incrédulo, procurou certa vez o pastor de sua igreja e assim lhe falou:

– Reverendo, o meu marido é incrédulo. Tenho orado constantemente em seu favor, porém tem sido tudo em vão. É sempre nervoso e irritado. Venho perguntar-lhe: O que devo fazer em seu favor?

– É uma coisa muito difícil de responder, mas a senhora continue a orar com perseverança. Eu, de minha parte, me proponho a ajudá-la de alguma maneira prática.

Um dia o ministro estava numa livraria e viu um livro velho para ser vendido como saldo, livro que tratava de couros e curtumes. Lembrando-se do sapateiro incrédulo, teve no momento uma idéia luminosa, e comprou esse livro. Leu-o durante muitos dias e conseguiu apropriar-se de muitos ensinamentos sobre o assunto. Quando se julgou habilitado, apanhou um par de sapatos estragados e foi à casa do sapateiro. Este, quando o viu entrar, cismou consigo: "Hoje vamos ter um sermão." Mas enganou-se. O ministro não tocou numa palavra do Evangelho. Disse ao que ia, contratou o conserto dos sapatos que levara. Ao sair, porém, com intenção de puxar prosa, abaixou-se e, tomando um pedaço de couro caído ao chão, começou a falar sobre a sua qualidade, e curtume, e processo de beneficiar os couros. O sapateiro sentiu horas felizes ouvindo falar sobre sua profissão e sobre uma matéria a que ninguém dava o devido cuidado.

À tarde, chegando em casa, com a fisionomia alegre, o sapateiro falou à sua mulher:

– Sabe quem esteve hoje na loja? O pastor de sua igreja.

– Sim?! E que é que ele foi fazer na sua loja?

– Levar uns sapatos velhos para consertar e dar dois dedos de prosa comigo. Mas que homem inteligente! Fiquei entusiasmado em ouvi-lo.

O ministro, por sua vez, percebendo que o sapateiro precisava de auxílio e de serviço, pediu aos crentes que o procurassem para fazer o conserto de seus calçados. O sapateiro ficou animado e começou a mudar de atitude, com o prestígio que os crentes lhe davam.

Um domingo muito chuvoso, o sapateiro; disse à mulher:

– Com esta chuva nem posso dar o meu passeio. Estou quase indo com você ao culto!

– Pois vamos! disse ela com alegria.

O estudo do couro foi a isca, que o ministro usou para pescar o sapateiro, mas o motivo foi a simpatia por aquela alma perdida, que precisava de trabalho, de estímulo e de uma alma caridosa, que o interessasse.

O pastor Mark Finley desenvolveu um método de evangelismo que ele mesmo o chamou de “Método Cebola”. O que vem a ser isto, veja. Começar um diálogo respeitando a seguinte ordem: assuntos gerais (esportes, política, tempo), pessoais (profissional, financeiro, família) e específicos (o que a pessoa pensa sobre Deus, o que ela acha da morte, fim do mundo). Quando chegarmos nos assuntos específicos e ao tratar sobre religião, peça permissão para apresentar a verdade. Já nos outros pontos ache sempre um meio de concordar com alguma coisa que a pessoa está dizendo, segundo ele isso ajudará a ganhar a simpatia da pessoa.

Queridos voltem ao texto, e pergunto se Filipe não seguiu uma lógica ao expor a mensagem ao etíope.

a. Filipe desperta curiosidade – v.30

b. Filipe explica o texto – v.31

c. Filipe mostra Jesus – v.35

Nossa abordagem deveria sempre começar com conhecido para o desconhecido, sendo assim deveríamos começar falando de Jesus, e depois passar para os assuntos menos conhecidos ou polêmicos.

3. O resultado do evangelista – v.38

O coração do homem fremia de interesse ao serem-lhe explicadas as Escrituras; e, ao discípulo terminar, estava pronto para aceitar a luz proporcionada. Ele não fez de sua elevada posição mundana uma desculpa para recusar o evangelho.

Você pode pensar que este batismo foi do tipo “lava rápido”, mas vamos recapitular os fatos, parece que este eunuco era um prosélito judeu que tinha ido a Jerusalém para adorar no templo. Prosélitos e judeus viajavam a Jerusalém com este propósito, como pode ver-se pela contagem dos que estavam presentes na celebração do Pentecostes At 2:10. De acordo com o João 12:20, uns gregos também foram às festas celebradas em Jerusalém. Concluímos que como judeu a única coisa que lhe faltava era aceitar Jesus, nada mais poderia impedir seu batismo.

Este etíope era homem de boa posição e grande influência. Deus viu que quando se convertesse, proporcionaria a outros a luz que recebera, e exerceria forte influência em prol do evangelho. Anjos de Deus estavam auxiliando este inquiridor de luz, e ele estava sendo atraído para o Salvador.(EGW, AA, 54)

Indubitavelmente o resultado do evangelismo é medido pelo número de batismos. Há de se ter um cuidado aqui para não simplesmente alcançar alvos. Mas preparar candidatos para o reino celeste. O Pr Paulo Silas em sua tese doutoral fez um estudo nas nossas séries de estudos bíblicos. A conclusão não é muito boa, ele descobriu que cada série nova lançada tinha menos textos bíblicos que a anterior.

Isto é grave, e o reflexo deste despreparo tem se refletido em nossas igrejas, o apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios já nos advertia sobre este perigo, Ef 4:14 “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”.

4. Continuação como evangelista – v.40

“Mas Filipe veio a achar-se em Azoto; e, passando além, evangelizava todas as cidades até chegar a Cesaréia.”

Filipe uma vez evangelista, sempre evangelista. At 21:8 “No dia seguinte, partimos e fomos para Cesaréia; e, entrando na casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.”

CONCLUSÃO

1. Não somente o ministro ordenado repousa a responsabilidade de sair a cumprir esta missão. Todo o que haja recebido a Cristo é chamado para trabalhar pela salvação de seus semelhantes. É um erro fatal supor que a obra de salvação de almas depende só do ministério.

2. Segundo Ellen White este etíope representa uma grande classe que necessita ser ensinada por missionários como Filipe – homens que ouçam voz de Deus, e vão aonde Ele manda.

3. Longamente tem Deus esperado que o espírito de serviço se apodere de toda a igreja, de maneira que cada um trabalhe para Ele segundo sua habilidade. Quando os membros da igreja de Deus fizerem a obra que lhes é indicada nos necessitados campos nacionais e estrangeiros, em cumprimento da comissão evangélica todo o mundo será logo advertido, e o Senhor Jesus retornará à Terra com poder e grande glória. Mt 24:14 “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”.

4. Em seu pequeno livro A Oração Muda as Coisas, Gordon imagina uma conversação entre Cristo e o anjo Gabriel, logo após a ascensão de Cristo.

Gabriel pergunta a Jesus que planos Ele fez para que o mundo saiba que Ele viveu, morreu e ressurgiu. E o Mestre deve ter respondido: "Pedi a Pedro, Tiago e João, e mais alguns lá, que se entregassem à obra de pescar homens e dizer-lhes as coisas que viram. E os outros dirão o mesmo a outros, e assim por diante, até que o último homem tenha ouvido a história e tenha sido transformado pelo poder dela".

Mas Gabriel, preocupado, parece encontrar certa dificuldade no plano do Mestre e diz: "Sim, Senhor, porém suponhamos que depois de algum tempo Pedro se esqueça. Suponhamos que João perca o entusiasmo, e simplesmente não conte a outrem a história. Imaginemos que seus sucessores até ao século XX fiquem tão ocupados, que não contem a história aos outros. Que acontecerá então?"

E a voz serena de Jesus replica: "Gabriel, não fiz outros planos. Estou contando com eles".

"Na cruz morri por ti. Que fazes tu por mim?"

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