O SERVIÇO DO SANTUÁRIO E OS LEVITAS
Esse corajoso ato da parte da tribo de Levi certamente influiu em sua escolha para o serviço de Deus. Numa ocasião crítica souberam colocar-se ao lado do direito, e Deus os recompensou. Foram escolhidos em lugar dos primogênitos para pertencer a Deus num sentido específico e para servir no tabernáculo. Núm. 3:5-13. A uma família – a de Arão – foi confiado o sacerdócio; os demais deviam “administrar o ministério do tabernáculo” e “tenham cuidado de todos os vasos da tenda da congregação.” Vers. 7 e 8. Os “sacerdotes ungidos, cujas mãos foram sagradas para administrar o sacerdócio”, estavam relacionados de um modo mais direto com os serviços divinos no tabernáculo, tais como o acender as lâmpadas; queimar incenso; oferecer todas as espécies de sacrifícios sobre o altar dos holocaustos; espargir o sangue; preparar, acondicionar o pão da proposição e dele comer; preservar a ciência e ensinar a lei. Núm. 3:3; Êxo. 30:7,8; Lev. 1:5; 24:5-9; Mal. 2:7.
Aos levitas foi confiado o cuidado do tabernáculo e de tudo que ao mesmo se referia, tanto no acampamento como em viagem. Quando o arraial se punha em marcha, deveriam desarmar a tenda sagrada; ao chegarem a um ponto de parada, deveriam armá-la. A pessoa alguma de outra tribo se permitia aproximar-se, sob pena de morte. Os levitas estavam separados em três divisões, conforme os descendentes dos três filhos de Levi; e a cada uma foi designada sua posição e obra especial. Na frente do tabernáculo, e mais próximo dele, estavam as tendas de Moisés e Arão. Ao Sul estavam os coatitas, cujo dever era cuidar da arca e de outros aparelhamentos; ao Norte estavam os meraritas, que foram encarregados das colunas, dos encaixes, das tábuas, etc.; na retaguarda os gersonitas, a quem foi confiado o cuidado das cortinas.
Os sacerdotes constituíam uma classe separada do resto do povo. Somente eles podiam servir no templo nos mais importantes trabalhos dos sacrifícios. Conquanto em tempos recuados fosse permitido a qualquer pessoa erguer um altar onde quer que desejasse, e sobre ele oferecer sacrifícios, depois se tornou lei que somente em Jerusalém se podiam oferecer sacrifícios, e que somente sacerdotes podiam oficiar. Isso deu aos sacerdotes grande poder e influência. Tinham a direção de todo o culto público do país inteiro. Cuidavam dos terrenos do templo. Unicamente por seu intermédio podia Israel ter acesso às bênçãos do concerto simbolizado pelo espargir do sangue e pela oferta do incenso. Somente eles podiam andar nos recintos sagrados do templo propriamente dito e comunicar-se com Deus.
Os sacerdotes tinham também a direção em muitos assuntos civis e particulares. Decidiam se o indivíduo estava ou não impuro para as cerimônias, e tinham autoridade de excluí-lo da congregação. Os casos de lepra eram submetidos a eles para exame, e sua palavra é que decidia se o indivíduo devia se banido da sociedade ou não, ou se uma casa devia ser demolida. Levítico 13 e 14. “Guarda-te da praga da lepra, e tem grande cuidado de fazer conforme a tudo o que te ensinaram os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado, terás cuidado de o fazer. Lembra-te do que o Senhor teu Deus fez a Míriam no caminho, quando saíste do Egito.” Deut. 24: 8 e 9.
Em caso de exclusão, somente o sacerdote podia restituir o indivíduo a sua família. Tinham jurisdição sobre certos casos de suspeita de infidelidade. Núm. 5:11-31. Em virtude de interpretarem as leis exerciam grande influência e autoridade em muitos assuntos relacionados com a vida diária. Em questões difíceis de legislação, os sacerdotes auxiliavam os juízes nas sentenças judiciárias, e isto não só em questões religiosas, mas também nas que eram puramente civis, “em negócios de pendências nas tuas portas”. Deut. 17:8.
Sua sentença era inapelável. O indivíduo era advertido a fazer “conforme ao mandado da lei que te ensinarem, e conforme ao juízo que te disserem.” “O homem pois que se houver soberbamente, não dando ouvidos ao sacerdote, que está ali para servir ao Senhor teu Deus, nem ao juiz, o tal homem morrerá: e tirarás o mal de Israel.” Vers. 11 e 12. (Ver também Deut. 19:17.)
É fácil de se imaginar que uma corporação que dispusesse do controle do culto de uma nação, do ensino e interpretação das leis, das relações íntimas entre os indivíduos, do cumprimento das decisões legais, havia de exercer poderosa influência sobre o povo, tanto para o bem como para o mal. E se acrescentarmos a esse prestígio, as receitas de que dispunham, receitas que, pelo menos nos últimos tempos, ascendiam a elevadas somas, é de se supor que os sacerdotes se tornassem uma organização muito exclusivista.
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